Proposta de 'An African City' é mostrar como vivem as mulheres ricas e fãs de grifes de Gana, país localizado em um continente marcado pela guerra e pela pobreza
Da esquerda para direita: Esosa E,
Nana Mensah, MaameYaa Boafo, Marie Humbert e Maame Adjei, as personagens
principais de "An African City"
É preciso admitir: "An African
City", a mais recente série de Gana lançada na web sobre cinco jovens
mulheres que procuram pelo seu amor na cidade de Accra, é uma versão mais
ousada do seriado americano "Sex and The City". Em cena, há sandálias
de tiras, vestidos que roubam a cena feitos pelos fântis - povo que vive na
região sul da Gana -, e um bando de homens que passeiam pelas camas de Nana
Yaa, Makena, Zainab e Sabe. Quase todas as mulheres do seriado africano são tão
livres e liberais em relação ao sexo quanto as de "Sex and the City".
Com exceção de Ngozi - que represente a recatada Charlotte, do programa
americano.
As mulheres se encaixam
perfeitamente nos tipos de Carrie e Miranda da versão americana. Personagem
principal da série, Nana Yaa é uma jornalista de rádio que passa por dúvidas
existenciais sobre relacionamentos amorosos ao longo de toda a história. Zainab e Makena desempenham um papel
semelhante ao de Miranda - independentes e donas de seus próprios negócios.
Ngozi é a carola que trabalha em uma ONG e que sempre torce o nariz quando o
assunto é homem. E Sade seria a Samantha, de Sex and the City, que é a que
deixa camisinha suja dentro da bolsa de grife comprada pelo seu namorado rico e
casado. Todas elas gastam a maior parte do tempo bebendo drinques nos
restaurantes enquanto falam de homens que esperam que um dia elas larguem o
emprego para ficar cuidando da casa.
A ideia da criadora do show, Nicole
Amarteifio, é mostrar um lado invisível da cultura de Gana, localizada em um
continente marcado apenas pela guerra e pela pobreza. No seriado, não há nada
disso. Em vez disso, "An African City" mostra a vida de mulheres
abastadas da África. Makena é uma advogada formada em Oxford, e Sade, em
Harvard. Já Zainab pertence à elite do império karité e o pai de Nana Yaaa
é ministro de Energia do País. Por meio
dessas cinco personagens, o seriado tenta explorar como uma jovem
"ocidentalizada" se adequa à realidade de seu País de origem.
Essas cinco mulheres são
"repatriadas" depois que deixaram Gana para passar uma temporada no
ocidente. Em seguida, voltam para a casa com a chamada "síndrome do
salvador repatriado". Muitas críticas têm sido feitas ao seriado pela
distância que ele mantém da realidade de Gana, que ainda sequer tem placas nas
ruas ou motoristas particulares. O estilo de vida retratado pelo "An
African City" é o vivido por pouquíssima gente em Gana: apenas 1% da
população.
Apesar disso, o que tem chamado a
atenção da série é sua capacidade de transformar a situação que vivem as
mulheres do mundo todo em uma crítica incisiva sobre a as culturas ocidentais e
africanas. Trazer uma advogada de Washington para conhecer a família na África
revela, por exemplo, a divisão existente entre os negros americanos e
africanos.
"É definitivamente a geração
da minha mãe que vêm até mim dizer: ' Bom trabalho , bom trabalho'" , diz
Nicole Amarteifio. "E eu estou assumindo que é porque gostam do fato de
que são cinco mulheres jovens falando tão livremente sobre sexo. Há algo tão
libertador sobre nessas cinco mulheres...”
A própria criadora da série é uma
repatriada, assim como outros membros do elenco. Nicole Amarteifio voltou para
Gana depois de fazer pós-graduação em Georgetown. Ao voltar, ela conseguiu um
emprego no governo, apesar de não gostar muito dele. Depois, se apaixonou,
terminou o namoro e se afundou nas temporadas de "Sex and the City".
Ela disse ter se enxergado no seriado, com suas amigas nos EUA. “Aquelas
mulheres me pareciam muito familiares”, afirma Nicole.
An African City deve estar
disponível no Netflix em breve.
http://emais.estadao.com.br/noticias/moda-beleza,netflix-deve-lancar-versao-africana-de-sex-and-the-city,10000069928
Maria Luiza Cardoso
Será uma ótima forma de introduzir a cultura AFRICANA no meio juvenil.
ResponderExcluirErick Inácio Nº 12